David Duchovny:
Um solitário nas horas vagas
Abandonou um futuro académico e primeiras experiências na poesia por uma carreira no cinema e TV
Personagens há que pela sua força e carisma se colam de tal forma a um actor que este precisa esforçar-se arduamente para "descolar" essa máscara dramática que parece insistir em grudar-se indefinidamente ao seu rosto. É o caso de Fox Mulder, o agente especial do FBI encarnado durante anos por David Duchovny na série de culto já extinta Ficheiros Secretos. De resto, se há coisa que o actor não gosta é quando, na rua, qualquer desconhecido o cumprimenta como Mulder. Talvez o sucesso recente de Californication acabe, de vez, com a "confusão"...
Nascido em Nova Iorque a 7 de Agosto de 1960, filho de um escritor com ascendência judaica e de uma professora luterana oriunda da Escócia, David William Duchovny formou-se na Universidade de Princeton, com uma tese de licenciatura que tinha por título The Schizophrenic Critique of Pure Reason in Beckett's Early Novels (A Crítica Esquizofrénica da Razão Pura nas Primeiras Novelas de Beckett). Fez também um mestrado em Literatura Inglesa em Yale e deixou inacabada uma tese de doutoramento intitulada Magic and Technology in Contemporary Poetry and Prose. Nesses anos de estudante universitário, escreveu poesia, tendo inclusive conquistado um prémio literário.
A primeira aparição mediática foi no pequeno ecrã, em 1987, num anúncio publicitário a uma cerveja. Participou depois em três episódios de Twin Peaks, a mítica série criada por David Lynch e Mark Frost, tendo aparecido em outros tantos episódios da série erótica Red Shoe Diaries. Entrou ainda num papel de maior relevo em Kalifornia (1993), de Dominic Sena, antes de neste mesmo ano ser convidado para protagonizar ao lado de Gillian Anderson a série X-Files - Ficheiros Secretos, que terminaria apenas em 2002 (embora Duchovny se tenha retirado a meio da oitava época). Contudo, a série da Fox conheceria em 1998 uma adaptação ao grande ecrã, sob o título Ficheiros Secretos: o Filme.
Após já ter dirigido um episódio de X-Files, em 2005 estreou-se na realização em cinema com House of D, um coming-of-age escrito e interpretado pelo próprio ao lado de Téa Leoni, actriz com quem casou em 1997, vivendo actualmente o casal com os seus dois filhos em Malibu, na Califórnia. Apesar de não ser conhecida por muitos, a sua carreira no cinema é já longa, tendo principiado em 1988 com Uma Mulher de Sucesso, de Mike Nichols. Actualmente, interpreta o papel de um escritor problemático na série televisiva Californication. De resto, a composição da personagem valeu-lhe um Globo de Ouro. Mas já havia recebido um outro, em 1996, pela sua interpretação em X-Files.
Duchovny considera-se um homem bastante solitário, que, apesar de revelar evidente humor a um nível epidérmico, leva no fundo a vida muito a sério. Mas tem a total compreensão da mulher quanto à sua vital necessidade de estar só - necessidade que é sempre apanágio das pessoas verdadeiramente criativas.
Gillian Anderson:
Uma mulher de causas
Foi votada a "mais bizarra" pelos colegas de escola e não sonhava com um futuro na televisão
À semelhança do que se passa com David Duchovny, associamos irremediavelmente o rosto de Gillian Anderson à personagem da agente especial do FBI Dana Scully da série Ficheiros Secretos, agora ressuscitada, seis anos volvidos sobre o seu fim, numa segunda adaptação ao grande ecrã que tem por título Ficheiros Secretos: Quero Acreditar. Anderson sempre quis fazer cinema; a televisão surgiu apenas porque inicialmente as portas para o grande ecrã não se abriram. Todavia, tem já no seu currículo artístico alguns filmes dignos de nota, como por exemplo A Casa da Felicidade, adaptação do romance The House of Mirth, de Edith Wharton, assinada por Terence Davies. Como actriz mais "discreta", por comparação com Duchovny, talvez lhe seja também menos difícil emancipar-se artisticamente da figura de Scully.
Gillian Leigh Anderson nasceu em Chicago, no Ilinóis, a 9 de Agosto de 1968, filha de uma analista de sistemas e de um dono de uma empresa de pós-produção de filmes. Viveu boa parte da infância em Londres, onde o pai frequentou a London Film School, vivência essa que lhe deu um sotaque inglês que faria com que se sentisse, mais tarde, deslocada no Midwest americano. Estudante dotada, com especial vocação para a área das humanidades, era alvo da malícia dos colegas de liceu, que chegaram a votá-la como "A Mais Bizarra" ou "A Palhaça da Turma". Para exorcizar o mal-estar que lhe advinha de se sentir excluída, começou a representar no liceu e em produções teatrais comunitárias. Quis ser bióloga marinha, mas optou pelo teatro aos 17 anos. Frequentou a Escola de Teatro da Universidade DePaul.
Aos 22 anos muda-se para Nova Iorque, onde dá início à sua carreira de actriz estreando-se na peça teatral Absent Friends, de Alan Ayckbourn, contracenando com Brenda Blethyn e ganhando com a sua interpretação um prémio atribuído a actores debutantes. Entrou também na peça The Philanthropist, de Christopher Hampton. Para ganhar a vida enquanto dava os primeiros passos na arte dramática, chegou a trabalhar como empregada de mesa.
Em 1992, muda-se para Los Angeles, onde passou um ano a atender a audições para cinema. Embora resistisse à opção de fazer televisão, mudou de ideias após um ano inteiro sem trabalhar. Assim, em 1993, participa como actriz convidada na série Class of '96. Em consequência dessa aparição em terreno televisivo mainstream, recebeu o guião de X-Files. Contava na altura 24 anos, e decidiu ir à audição porque gostou particularmente da personagem que lhe propunham, que a própria definiu como uma "mulher forte, independente e inteligente como não encontrava há muito tempo". A actriz aceitou o papel pressupondo que este se limitaria a 13 episódios, mas a série prolongar-se-ia por quase uma década.
Anderson casou-se duas vezes, e duas vezes se divorciou, tendo dois filhos e esperando actualmente um terceiro. É vegetariana (tal como o seu colega David Duchovny), membro de uma associação de defesa dos direitos dos animais e está ainda envolvida numa acção filantrópica e caritativa que visa descobrir a cura para a neurofibromatose, doença de que padece o seu irmão.
FONTE: Diário de Notícias
"De resto, se há coisa que o actor não gosta é quando, na rua, qualquer desconhecido o cumprimenta como Mulder."
ResponderEliminar:/
Tudo bem, é chato não saberem o nome dele mas foi o papel da vida dele...
Será sempre assim conhecido;)
eu tambem tenho a msm doença que o irmao dela. E so tenho a agradecer a Gillian, e devido a pessoas como ela, que se interessam pelo que as rodeia , formando assosiacoes onde nós, portadores da doença nos sentimos mais "em casa", e financiando os cientistas é cada dia damos um paço em frente na busca da cura. Ela que continue o bom trabalho que faz. A neurofibramatose noa e nenhum bicho mau. So precisa de ser entendido
ResponderEliminarSusana